domingo, 21 de outubro de 2012

HOMEM DO CAMPO E DA CIDADE



Homem da cidade que amava estar no campo, com sua bota de sete léguas e seu facão, andava pelo pomar e falava com toda a gente da fazenda e da cidade. Essa prosa vai deixar saudade no coração dos que o conheceram, homem de boa prosa como ele, hoje já não é mais certeiro!

Quando estava na fazendo, todos lhe telefonavam e apareciam para um café, pois sabiam que com o Zé podiam falar o que quiser, dúvidas e até sugestões sobre peões e plantações.

Dono de um largo sorriso, sem precisar se esforçar, mas, quando alguém precisava de um "puxão de oreia" o Zé dava sem hesitar.

Hoje ele se foi, muito sereno na partida, mas, meu querido Zé tenha em mente que essa não foi uma despedida.

Sei que onde você estiver, esteja certo de uma coisa... Minha gratidão será eterna por todo o tempo de convivência, pela sua amizade sincera, proveitosa e prazerosa.

Compartilho com todos, estes versos, que por anos escutei da boca do Zé Marido, Pai, Avô, Tio, Padrinho, Irmão e meu Sogro querido!

"Escuta meu bom amigo
a história que vou contá
Isso tudo aconteceu
lá pras banda de Guará
envolvendo uma família
que deu muito o que falá

Chico Vieira e famiage
morava lá no sertão
tinha uma roça, um gadinho
tinha um cavalo alazão
nunca faltava um porquinho
nas festanças do ano bom

Do córrego manso e branquinho
sem nenhuma poluição,
vinha a água do corete
da cozinha e criação
vinha também uns peixinhos
pra ajudar na refeição

Mas um dia
a sorte sempre arredia
bafejou Chico Vieira
trazendo grande alegria
pois na loteca esportiva
treze pontos ele fazia

A alegria foi tão grande
que Chico Vieira endoidou
era tanta dinheirama
que ele nem acreditou
sem pensar na família
pra cidade se mandou

Siá Maria a mulher dele
comprimindo o coração
consolava os oito filhos
sem muita lamentação
e esperava sua volta
com o olho no estradão

Na tapera tão alegre
tudo se modificou
Siá Maria abandonada
sempre, sempre acreditou
que um dia ele voltaria
e com paciência esperou

E os anos foram passando
sem o Chico regressar
os cobres foram acabando
mas não acabava o folgar
a que ele se entregava
até o sol raiar

Sem dinheiro e sem amigo
sem alegria e sem fé
da cidade, um belo dia
ele foi dando no pé
sentiu a dor da saudade
do seu rancho de sapé

Siá Maria acocorada
medindo o quanto chorou
ouviu batida na porta
e nem se sobressaltou
falou olhando para os filhos:
"_Abre a porta; o pai chegou!"


4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Lindo Filó...adorei a maneira como vc escreve! A imaginação viaja nas suas palavras... Parabéns!!
    Myrna

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  3. Que as filhas não saibam, mas ele tinha um carinho especial e um agrande admiração por você

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  4. A filha sabe e faz muito gosto!!!!
    Linda homenagem!!! Obrigada!!!

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